Abaixo o texto de Regis Tadeu, colunista do Yahoo sobre Amy Winehouse.A imagem foi postada por Alpino no mesmo site.
http://colunistas.yahoo.net/posts/12563.html
Pois é… Aconteceu.
A morte mais anunciada dos últimos tempos finalmente está estampando as primeiras páginas de todos os veículos de mídia, está na boca de todas as pessoas que gostam de música e até mesmo nos papos de quem não sabe nada de música. E também está aberta a temporada de “programas especiais de retrospectiva” da carreira de uma garota que tinha tudo para se dar bem no meio musical, mas que preferiu sucumbir aos vícios a ter que cumprir seus compromissos com responsabilidade e profissionalismo.
Sim, é isto mesmo o que você acabou de ler: “preferiu”. Sim, foi opção dela se entregar à cocaína, à heroína, à vodka e a qualquer outra coisa que ela tenha injetado em seu corpo esquelético. Esse papo de que ela era uma “artista sensível que foi engolida pelo sistema esmagador” é pura conversa para boi dormir. Aliás, isto vale para os Kurt Cobains e Jim Morrisons da vida: não está preparado para a vida artística? Então não entre nela!
O caso de Amy é emblemático disto. Não vou desperdiçar o seu tempo escrevendo aqui um resumo da carreira dela, nem vou comentar a respeito de sua peruca e muito menos tecer loas à grande cantora que ela realmente era. O que salta à frente desta história é uma realidade que quase ninguém que encarar de frente: ter uma carreira artística é como ter uma empresa. Simples assim. E fica muito pior quando você faz sucesso. E ainda muito pior quando você se torna uma estrela.
Musicalmente, ela era apenas uma boa cantora que teve a sorte de trabalhar com produtores talentosos, como Salaam Remi e Mark Ronson. Foram estes caras que montaram toda a estrutura sonora para que Amy colocasse suas letras – bem medianas, diga-se de passagem – e sua voz, que realmente era diferenciada em termos de timbre, embora tivesse pouca potência. Agora, eu aposto que o que matou Amy Winehouse foi a sua absoluta incapacidade em lidar com o outro lado da fama, que se resume a lidar o tempo todo com advogados, contadores, puxa-sacos e sanguessugas de toda a espécie, fãs com debilidade mental em estágio avançado, secretários e assessores a pentelhar com agendas, horários, entrevistas e o diabo a quatro. Afinal, por que ela deixaria de curtir o lado glamuroso da fama que ela passou a vida inteira tentando alcançar? Que outro motivo ela teria para fugir disto?
E este papo de “morreu porque é rock and roll” é outra sandice que vem sendo repedida há décadas por gente que não passaria ilesa por um mata-burros. Por que é preciso se drogar e agir como um lunático para ser “rock and roll”? Bruce Springsteen, Steve Harris, Bono e Paul McCartney são caras absurdamente “rock and roll” e não precisam sair por aí cambaleando, quebrando quarto de hotéis, vomitando em festas e dando vexame em cima do palco. Vamos parar com esta palhaçada de que tem tomar drogas e beber como um gambá para corresponder a um estereótipo tão falso quanto cretino.
E que a morte de Amy Winehouse também sirva de lição para que as pessoas caiam na real e não exibam o mesmo comportamento de centenas de brasileiros, fãs ou não, que desde sábado vem inundando as redes sociais com depoimentos lacrimejantes e mensagens de “descanse em paz”. Um monte de gente foi assassinada na Noruega na semana passada e não vi qualquer “alma sensível” se manifestando. Já no caso da Amy… Para estes “necrófilos de plantão”, pega bem se fingir de íntimo de artistas mortos, né?
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